Times da LBF boicotam convocação da seleção e CBB faz guerra psicológica contra atletas

06/12/2015 14:14

Após muitos anos sendo tratado com o “primo pobre’ do basquete brasileiro e vendo as poucas equipes que conseguiram sobreviver, tendo que sair com o ‘pires na mão’, a fim de conseguir minguadas verbas de patrocínio e desta forma se manter vivo, finalmente as seis equipes do basquete feminino que disputam a LBF, resolveram dar seu grito de independência, e no último dia 24 lançaram um movimento de boicote a CBB, liderado pelo técnico do Corinthians/Americana e atual campeão brasileiro, Antônio Carlos Vendramini que irá vetar a cessão das atletas de suas equipes nas futuras convocações da seleção brasileira.

O descontentamento com o tratamento dado ao basquete feminino por parte da gestão Carlos Nunes já vinha de anos, mas o estopim para o início do movimento foi a ausência de qualquer dirigente da CBB no evento de lançamento da LBF 2015/2016. Nunes, por exemplo, esteve presente ao evento-teste do tênis de mesa, no Rio.

O primeiro ‘round’ dos clubes com a CBB aconteceu na última sexta-feira, 04,  com a convocação de atletas para o evento- teste do basquete feminino, visando as Olimpíadas no Brasil, ano que vem, que acontecerá entre os dias 15 e 17 de janeiro, no Rio de Janeiro.

Para liberar as atletas, os clubes exigem que a CBB aceite a formação de um colegiado composto pelos seis treinadores das equipes que disputam a LBF, que teriam participação direta nas convocações e preparação das atletas da seleção brasileira visando as Olimpíadas de 2016.

A CBB por sua vez, se nega a atender a exigência e ameaça tomar decisões judiciais contra o movimento. De acordo com nota oficial da entidade em seu site, as convocadas devem se apresentar no dia 6 de janeiro para darem início aos treinos. Antes do evento-teste, o Brasil ainda jogará contra a Argentina (no dia 12) e a Austrália (14).

Em entrevista ao Portal UOL, o diretor da seleção Vanderlei Mazzuchini afirmou que caso as atletas não se apresentem ao técnico Luiz Augusto Zanon a entidade tomará medidas legais e acionará o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) cobrando explicações. "Existem leis a serem cumpridas e vamos até o fim para que as jogadoras se apresentem. Caso contrário, imagino até que possam sofrer punições. Este é um evento que é tratado com prioridade pela CBB é importante para o Comitê Rio-2016. Nós já fizemos um acordo há tempos com a Liga de basquete Feminino (LBF) para que o campeonato fosse parado e não houvesse prejuízo às equipes. Então não vamos aceitar que não se apresentem por causa de um movimento político", afirmou.

 

Guerra ”fria”

A "guerra fria" já começa a gerar um mal-estar entre CBB, clubes e jogadoras, segundo o presidente do Corinthians/Americana e um dos líderes do movimento de boicote contra a CBB, Ricardo Molina. "Tem acontecido um terrorismo por parte de pessoas ligadas à CBB, que tem pressionado as atletas e ameaçando que se elas não forem nunca mais jogarão basquete e terão punições. Se isso permanecer, os clubes vão solicitar os órgãos para que tomem providências legais quanto a esse assédio", denuncia o dirigente.

Apesar da pressão, as atletas apoiam integralmente o movimento e deixam claro isso em suas declarações a imprensa. Um exemplo disto é a ala/pivô do Corinthians/Americana, Damiris do Amaral, uma das convocadas na sexta-feira, 04, pelo técnico Zanon, que expressou sua opinião, no dia da reunião do colegiado, em que ficou definido o boicote as convocações da seleção brasileira. "Seria muita burrice da CBB não aceitar esta proposta que só quer o bem do basquete feminino. Como atleta, claro que é duro não representar o Brasil em um evento-teste de uma Olimpíada que vai ser no seu país. Mas os clubes querem o melhor para o basquete e estou com eles. É meu clube que cuida de mim e paga meu salário", ressaltou.       

Mas não são apenas atletas que estão sendo intimidadas, mas também profissionais da imprensa que cobrem o basquete feminino e que possuem relações diretas com os clubes da LBF. Em seu perfil no Facebook, na sexta-feira, 04, o radialista José Alberto Fuminho relatou uma intimidação velada que recebeu de uma pessoa que ligou em seu celular, mas que ao ser solicitado sua identificação, desligou sem dizer mais nada. “Amigos do basquete feminino, achei muito estranho um telefonema com número restrito que recebi no dia de hoje, perguntando se eu era o responsável pela rádio que transmitiu ontem a reunião do colegiado, é claro que respondi que sou, então perguntou se eu tinha gravação do evento e eu respondi, “assim que vc se identificar eu respondo se tenho ou não”. Ele não se identificou então não teve a resposta...mas vai aqui um aviso ...sou radialista e jornalista e sempre trabalhei e continuarei trabalhando com a verdade e quando fui convidado a participar da coletiva, o senhor Ricardo Molina Dias me conhecendo bem me falou para transmitir tudo sem corte, pois este colegiado é transparente e só quer lutar pelo bem do futuro do basquete feminino e todos puderam ouvir sem cortes....aliás a minha rádio era a única ao vivo mandado o som para todo o planeta, mais de 800 pessoas naquele horário conectadas”.